A reposição de testosterona pode ser benéfica quando bem indicada aos homens que possuem baixos níveis de testosterona e sintomas de deficiência androgênica. Disfunção sexual, perda de vitalidade e redução da capacidade física com perda de massa e força muscular são os principais sintomas responsivos à terapia de reposição hormonal com testosterona. A massa óssea também melhora com a reposição de testosterona, sobretudo nos idosos com osteopenia / osteoporose.
Cerca de 15% dos homens entre 50 e 60 anos possuem redução da taxa hormonal, com baixos níveis de testosterona, chegando a 50% nos homens com 80 anos de idade. O aparecimento dos sintomas paralelamente à redução hormonal caracteriza a deficiência androgênica, impactando de forma expressiva na qualidade de vida e por isso deve ser abordada em consulta, tratada de forma criteriosa e sobretudo monitorizada.
Há diversas formas de reposição de testosterona. No Brasil a mais usada é a forma injetável intramuscular, todavia aplicações transdérmicas com gel, adesivos ou “desodorante” são mais confortáveis e fáceis de usar.
Sabemos que a reposição do hormônio não causa o câncer de próstata, embora favoreça o crescimento em homens com diagnóstico prévio. A avaliação urológica pré reposição é fundamental, assim como seguimento evolutivo, sendo contraindicação absoluta repôr testosterona em pacientes com o diagnóstico confirmado ou suspeita de câncer de próstata.
O tratamento da deficiência androgênica resgata elementos importantes da juventude masculina como a virilidade, a disposição, a força muscular, impactando de forma positiva na qualidade de vida. Em contrapartida, a testosterona não mostrou benefício na melhora da insônia, irritabilidade e função cognitiva. Em pacientes de alto risco cardiovascular fora observado aumento da carga de placa de gordura nas coronárias o que poderia elevar o risco cardiovascular futuro. Esse assunto é controverso na literatura e estudos mais robustos devem sair para entendermos o real impacto da terapia de reposição hormonal com testosterona no risco cardiovascular.
Estilo de vida saudável, conquistado com uma dieta equilibrada, a prática de exercícios físicos de forma regular, uma boa qualidade do sono, não fumar e não engordar são ótimas recomendações para reduzir o risco cardiovascular e também podem retardar ou impedir o aparecimento da deficiência de testosterona e seus sintomas.
O Dr. Matthew J. Budoff da Harbor University of California, Los Angeles Medical Center, ponderou racional interessante ao questionar o benefício cardiovascular da testosterona. Homens possuem maior incidência de doença cardiovascular do que mulheres, sobretudo doença arterial coronariana, portanto como a testosterona pode ser cardioprotetora? Se a testosterona fosse boa para as coronárias a incidência de doença cardiovascular seria maior em mulheres.
Enfim, repôr testosterona ou não? Logicamente que estamos falando das pessoas com indicação (deficiência androgênica ) e sem contraindicação. Mais um assunto que deve ser individualizado e o risco benefício ponderado na relação médico paciente. Vale a pena recuperar a função sexual, a virilidade e a vitalidade, mesmo podendo elevar o risco cardiovascular ( risco, não certeza do fato ) ? Eis a questão…