Realização da ablação cardíaca

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A ablação cardíaca é um procedimento minimamente invasivo que pode ser utilizado tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento de arritmias ventriculares e supraventriculares. Uma das principais arritmias tratadas com a ablação cardíaca é a fibrilação atrial, condição frequente na população adulta.

Uma das vantagens da ablação cardíaca é que não há a necessidade de abertura do tórax para acessar o coração, resultando em uma recuperação mais rápida para o paciente. Confira mais detalhes sobre o procedimento com as informações cedidas pelo médico cardiologista Dr. Henrique Grinberg.

  • Como é feito o procedimento de ablação cardíaca?

    O procedimento é realizado em um centro cirúrgico ou sala de hemodinâmica por um cardiologista especializado em eletrofisiologia. O paciente fica sedado durante todo o procedimento.

    Durante a ablação cardíaca o médico faz uma punção nas veias localizadas na região da virilha com o auxílio de um cateter. O objetivo é alcançar os focos ou feixes da arritmia. Neste momento, o profissional pode utilizar duas técnicas de cauterização: a por radiofrequência ou por crioablação. Ambas eliminam as células responsáveis pela alteração no funcionamento cardíaco.

    A ablação por radiofrequência permite que a eliminação das células ocorra por meio de calor. A crioablação cardíaca, por sua vez, promove o congelamento das células com uma temperatura de 50 graus Celsius negativos.

    O procedimento é monitorado por meio de aparelhos que possibilitam o controle da posição dos cateteres, da temperatura local e da quantidade de energia aplicada, para não ultrapassar os limites de segurança. A ablação cardíaca pode levar cerca de 5 horas nos casos mais complexos de fibrilação atrial, no entanto, esse período é variável conforme cada caso.

    Quando a ablação cardíaca é concluída, o médico faz uma compressão no local do sítio de punção, aplicando um curativo compressivo que elimina a necessidade de pontos.

  • Quando a ablação cardíaca é indicada?

    Na maioria das vezes, é indicada a ablação cardíaca nos casos refratários ao tratamento medicamentoso e em outras situações muito específicas em que a ablação é o tratamento de primeira linha, como é o caso do Flutter atrial.

    Veja abaixo outras arritmias passíveis de tratamento com ablação cardíaca, além da fibrilação atrial:

    • Flutter atrial;
    • Taquicardia atrial;
    • Taquicardias supraventriculares por reentrada nodal;
    • Síndrome de Wolff Parkinson White;
    • Extra-sístoles;
    • Paciente com arritmia congênita;
    • Taquicardias ventriculares.

    Considerando que cada caso possui suas particularidades, é fundamental que o paciente faça o acompanhamento cardiológico para saber qual é o protocolo terapêutico mais adequado. Alguns dos benefícios que o tratamento com ablação cardíaca oferece ao paciente são:

    • Redução da frequência das crises;
    • Redução dos sintomas causados pelas arritmias (tais como a fraqueza, fadiga, vertigem e falta de ar);
    • Redução do risco de acidente vascular cerebral (AVC), uma das consequências mais graves relacionadas à fibrilação atrial / Flutter atrial.
  • Quais são os riscos da ablação cardíaca?

    Assim como pode ocorrer em qualquer procedimento, a ablação cardíaca pode ter complicações. Mesmo sendo um procedimento seguro, os riscos da ablação cardíaca são:

    • Tromboembolismo venoso;
    • Pseudoaneurisma;
    • Aquecimento do esôfago e lesão da mucosa;
    • Flebite;
    • Hematomas nas regiões que receberam as punções;
    • Infecções, apesar de ser uma complicação rara;
    • Bloqueio transitório ou definitivo do sistema de condução do coração;
    • Pericardite;
    • Entre outras complicações.
  • Quais são os cuidados antes e depois do procedimento?

    O paciente deve seguir algumas recomendações antes de se submeter a uma ablação cardíaca. Além das análises laboratoriais e dos exames de imagem como o eletrocardiograma, o ecocardiograma, o Holter, entre outros, há necessidade de jejum de 6 horas e a suspensão do uso de alguns medicamentos conforme orientação médica. Após ablação cardíaca, o paciente permanece em repouso absoluto e fica com a perna imobilizada durante 4 a 6 horas, para evitar complicação vascular no sítio de punção.

    A alta hospitalar ocorre em cerca de 48 horas, sendo que as medidas iniciais no pós-ablação incluem cuidados com o sítio de punção e o uso dos medicamentos prescritos. É essencial informar ao cardiologista sobre qualquer sinal ou sintoma diferente que apareça na evolução.

    O paciente pode retomar a rotina em um período de 3 a 7 dias. Caso o paciente seja adepto de exercícios físicos intensos, o tempo para retorno pode se estender para 6 semanas. A vida após a ablação cardíaca costuma ser normal, seguindo as recomendações médicas e passando por reavaliações periódicas.

    Recorrências são possíveis após ablação. Entretanto, além das medicações e do seguimento de perto como cardiologista, algumas medidas comportamentais são de grande valia para a sustentação do sucesso da ablação cardíaca. Alguns exemplos a seguir: redução na quantidade de sódio consumida, diminuição na ingestão de café, energéticos, termogênicos e bebidas alcoólicas, eliminação do tabagismo, ênfase na atividade física, melhora da qualidade do sono, redução da carga de estresse, entre outras medidas importantes.

  • Considerações finais

    Segundo a resolução nº 1974/11 do Conselho Federal de Medicina (CFM) não é permitido aos médicos compartilhar os valores de procedimentos cirúrgicos no site, redes sociais, entre outros meios de comunicação.

    Escolher um serviço com experiência em eletrofisiologia com profissionais capacitados e experiência na área é fundamental para assegurar bons resultados e tranquilidade quanto ao tratamento. Muitas vezes, o cardiologista que presta assistência à saúde do paciente e indica o procedimento faz a conexão entre o paciente e a equipe de eletrofisiologia da sua confiança, baseado nos critérios descritos acima.

    A ablação cardíaca é uma ferramenta excepcional para o tratamento das arritmias cardíacas, principalmente quando bem indicada e executada, promove melhora significativa na qualidade de vida e em muitos casos trata a arritmia de forma definitiva. Segunda opinião é sempre uma boa alternativa que traz segurança quando a indicação inicial veio acompanhada de dúvidas e insegurança. Para isso, escolha profissionais capacitados, ligados a instituições de referência, humanos e comprometidos com a sua saúde.

Fontes:

Conselho Federal de Medicina (CFM);

Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC).