Estudos observacionais prévios sugerem efeito cardioprotetor associado ao consumo leve de álcool, quantificado por até uma dose diária para mulheres e duas para homens. Esse efeito cardioprotetor significa menor risco da ocorrência de infarto agudo do miocárdio especificamente.
Entretanto, em janeiro de 2017, foi publicado um estudo com mais de 14 milhões de pessoas com poder estatístico mais robusto do que estudos observacionais, sugerindo que o uso abusivo de álcool é nocivo ao coração por elevar o risco da ocorrência de infarto agudo do miocárdio, de arritmia ( especificamente fibrilação atrial ) e de insuficiência cardíaca. Entre essas milhões de pessoas, mais de 250 mil preencheram critérios para uso abusivo do álcool e se relacionaram com maior incidência de problemas cardiovasculares como fibrilação atrial (destaque), infarto agudo do miocárdio e insuficiência cardíaca.
Contudo, devemos ou não encarar o álcool como um fator de risco cardiovascular ? Na minha opinião sim. Pessoas que entendem que o álcool é cardioprotetor tendem a beber mais e muitas vezes abusar com o álibi dessa retórica cardioprotetora. Não podemos esquecer também que a bebida alcoólica é considerada uma droga perigosa, com potencial para dependência e efeitos devastadores no equilíbrio biopsicossocial das pessoas e seus familiares, sem contar na influência sobre a estatística de acidentes automobilísticos.
Sei que o assunto é polêmico, mas como médico cardiologista e cidadão me coloco do lado “uso abusivo do álcool não”.